Não precisamos de cinzas
NÃO PRECISAMOS DAS CINZAS DA QUARTA FEIRA./Site.02.03.2022
As cinzas no imaginário
religioso simbolizam sofrimento, luto, penitência, assim como remete para a
finitude da matéria ao passar pelo fogo. Nos textos do Antigo Testamento a
aplicabilidade de cinzas sobre o corpo representava arrependimento do pecado
como nos revela o texto de Mateus 11:21 (NTLH) – “Ai de você, cidade de
Corazim! Ai de você, cidade de Betsaida!
- Porque, se os milagres que foram feitos em vocês tivessem sido feitos
nas cidades de Tiro e de Sidom, os seus moradores já teriam abandonado os seus
pecados há muito tempo. E, para mostrarem que estavam arrependidos, teriam
vestido roupa feita de pano grosseiro e teriam jogado cinzas na
cabeça! ”
Em Ezequiel 28,18.
Lemos. “Você foi tão desonesto nas compras e vendas, que os seus lugares de
culto foram profanados. Por isso, pus fogo na cidade e a queimei
completamente. Todos os que agora olham para você estão vendo que você virou
cinzas”. Em Ezequiel 27:30 (NTLH) “Todos
eles choram amargamente por você, jogando pó na cabeça e rolando
nas cinzas em sinal de tristeza. ”.
Ester 4:1 (NTLH) - Quando
Mordecai soube de tudo isso, rasgou a roupa em sinal de tristeza, vestiu uma
roupa feita de pano grosseiro, pôs cinza na cabeça e saiu pela
cidade, chorando e gritando”.
Nos primeiros séculos
do Cristianismo aquele cometesse pecados gravíssimos e/ou escandaloso, eram
obrigados a pagar penitência velada ou pública, que podia durar semanas ou
anos, a depender das autoridades eclesiásticas da época.
As penitencias podiam
ser pagas pelo pecador ou por terceiro a partir de negociação entre o pecador e
o contratado para executá-la.
Aplicando ao carnaval
na quarta-feira após o mesmo o pecador procurava uma igreja buscando
arrependimento pelos pecados cometidos. Após ser exortado pela autoridade
religiosa o pecador era coberto com uma pequena túnica amarrada com um cordão, tinha
cinzas postas obre a cabeça e era mandado embora só podendo voltar a igreja
depois de cumprida a penitência determinada.
No século XII, essa
pratica aplicada aos pecadores públicos e notórios, passou a ser aplicada em
toda a Igreja Católica Romana na quarta-feira antes do período da quaresma, por
isso a quarta-feira de cinzas.
No imaginário católico
romano ao receber as cinzas, o crédulo entra num período de purificação, e como
penitência, a abstenção de comer carne era o maior sofrimento. Embora nos dias
atuais essa tradição tenha perdido força e o consumo de carne, os católicos
exclui do cardápio a carne só na sexta-feira da paixão.
Na teologia católica o
costume das cinzas manifesta a condição de pecador confessada exteriormente e a
busca do arrependimento.
O renascer como no mito
egípcio da Phenix: o renascer das cinzas.
O bom é ter a certeza
de que não precisamos renascer todas as quartas-feiras de cinzas porque em
Cristo renascemos apenas uma vez e para toda a eternidade
O que nos diz Jesus quanto a confissão de pecados: “Tu, porém, quando
orares, entra no teu quarto e, fechada a porta, orarás a teu Pai, que está em
secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará”(Mat.6,6).
Com certeza a recompensa do Deus misericordioso não é a exposição
pública do pecador, pois, por conta de Sua misericórdia não somos consumidos.
Se para os hebreus a prática de cobrir-se de cinzas era a manifestação
pública da consciência do pecado na esperança do perdão de Deus. Para nós
cristãos a verdadeira consciência do pecado é obra do Espirito Santo e o perdão
só em Cristo Jesus. Não precisamos das cinzas da quarta feira.
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