sábado, 16 de abril de 2022

Cristo e as Palavras da cruz

Palavras da cruz. 

Profeta Isaías mostra-nos que Jesus Cristo foi para a cruz “como um cordeiro que se conduz ao matadouro (Ele não abriu a boca) ” (Is. 53,7).

 

Na cruz o Senhor Jesus quis nos deixar suas últimas palavras. Sabemos que as últimas palavras de alguém, antes da morte, são aquelas que expressam as suas maiores preocupações e recomendações.

A Igreja sempre guardou essas “Sete Palavras” com profundo amor, respeito e devoção, procurando tirar delas todo o seu riquíssimo significado.

 

1 – “Pai, perdoai-lhes porque eles não sabem o que fazem” (Lc 23,34). Com essas palavras Jesus selava todo o seu ensinamento sobre a necessidade de “perdoar até os inimigos” (Mt 5,44).

Na Cruz o Senhor confirmou que é possível, sim, viver “a maior exigência da fé cristã”: o perdão incondicional a todos.

Na Cruz Ele selava o que tinha ensinado: “Não resistais ao mau. Se alguém te feriu a face direita, oferece-lhe também a outra… amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem. Deste modo sereis filhos do vosso Pai do céu, pois ele faz nascer o sol tanto sobre os maus como sobre os bons” (Mt 5,44-48). “Se não perdoardes aos homens, tampouco vosso Pai vos perdoará” (Mt 6,14).

Certa vez Pedro perguntou-Lhe: “Senhor, quantas vezes devo perdoar meu irmão, quando ele pecar contra mim? Até sete vezes? ” “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18, 21-22).

2 – “Hoje mesmo estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,43). Com essas palavras de perdão e amor ao “bom ladrão”, Jesus mostra de maneira inequívoca o oceano ilimitado de Sua misericórdia.

Bastou o ladrão confiar de coração nas misericórdias do Senhor, para lhe ser aberta, de imediato, a porta do Céu.

Não é à toa que a Igreja ensina que o pior pecado é o da desesperança, é o não confiar no perdão de Deus, por achar que o próprio pecado é maior do que a infinita misericórdia do Senhor.

Nunca esqueça que a misericórdia do Senhor dura para sempre. Uma grande tentação sempre será, para todos nós, não confiar na misericórdia de Deus.

Muitas pessoas não conhecem a misericórdia e a bondade do Salvador, que morreu por nós.

3 – “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? ” (Mt 27,46). Estas palavras, que estão no Salmo 21, mostram o total aniquilamento do Senhor Jesus. É aquilo que Paulo exprimiu muito bem aos filipenses: “aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo” (Fl 2,8).

Jesus sofreu todo o aniquilamento possível que se possa imaginar: moral, psicológico, afetivo, físico, espiritual, enfim, como disse o profeta: “foi castigado por nossos pecados e esmagado por nossas iniquidades…” (Is 53,5).

Depois disto “ninguém tem o direito de duvidar do amor de Deus”. Será uma grande blasfêmia dizer que Deus não, nos ama, pois Jesus sofreu para assumir em si os nossos pecados.

Paulo disse aos Gálatas: “Ele morreu por mim” (Gl 5,22).

4 – “Mulher, eis aí o teu filho” … “Filho, eis aí tua Mãe” (Jo 19,26). Tendo se entregado pela nossa salvação, já prestes a morrer, Jesus ainda nos quis deixar o que Ele se preocupou com os preciosos laços familiares

Na cultura judia é a mulher que defini a nacionalidade familiar. E Jesus lembra a Maria a continuidade da família: cuida de teu filho. E para os filhos exorta sobre os cuidados com a família, principalmente os mais idosos.

Aqueles que se esquecem da Família, ou a rejeitam, esquecem e rejeitam também a Jesus, pois negam receber de Suas mãos, na hora suprema da Morte, o seu maior Presente a família.

5 – “Tenho sede! ” (Jo 19,28). Dizem os estudiosos que essa “sede” do Senhor mais do que sede física, é a sede de almas a serem salvas, com o seu próprio Sacrifício que se consumava naquela hora. E esta “sede” de Jesus continua hoje, mais forte do que nunca.

Muitos ainda, pelos quais ele derramou o seu sangue preciosíssimo, continuam vivendo uma vida de pecado, afastados do amor de Deus. 

Quantos e quantos se tornam membros das igrejas, e nem sequer cultuam a Deus aos domingos, não participam das atividades eclesiásticas, enfim, vive como se Deus não existisse…

6 – “Tudo está consumado” (Jo 19,30). Nos diz São João: “sabendo Jesus que tudo estava consumado…”, isto é, Jesus tinha plena consciência que tinha cumprido “toda” a sua missão salvívica, conforme o desígnio santo de Deus.

Enquanto tudo não estava cumprido, Ele não “entregou” o seu espírito ao Pai.

Agora, fica bem claro que a nossa salvação está consumada, pois Jesus morreu por nós, o que cabia a Jesus foi perfeitamente realizado até às últimas consequências. O que nos resta é reconhecê-lo como nosso Salvador.

7 – “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). Confiando plenamente no Pai, a quem Ele fizera também nosso Pai ao assumir a nossa humanidade, Jesus volta para Aquele que tanto amava.

É o seu destino, o coração do Pai; e é o nosso destino também. Ao voltar para o Pai, Jesus indica o nosso fim; o seio do Pai, o Céu.

“Vós sois cidadãos do Céu” (Fl 3,20), diz o Apóstolo Paulo.


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