A cada 10 minutos um idoso
sofre algum tipo de violência no Brasil, como negligência, abandono, violência
financeira, psicológica e maus-tratos, mas nem todos os estados possuem
delegacias especializadas no atendimento às pessoas mais velhas.
A conclusão dos debatedores de
audiência pública realizada nesta quarta-feira (13) pela Comissão de Defesa dos
Direitos da Pessoa Idosa é que as leis existentes não são postas em prática
porque há resistência do poder público.
"É inacreditável o fosso
que há entre uma legislação conquistada e uma realidade. Nós não vemos as
políticas públicas sendo realizadas, e o idoso é uma vítima diferenciada",
afirmou a representante do Ministério Público do Paraná, Rosana Bevervanço.
Duas titulares de delegacias
especializadas no atendimento aos idosos, uma de Natal (RN), e a outra de Porto
Alegre (RS), disseram que as vítimas relutam em fazer denúncias à polícia, e
quando fazem, muitas vezes, não querem responsabilizar o agressor, pois 54% dos
envolvidos são seus próprios filhos.
Famílias - A delegada
gaúcha Larissa Savegnago relatou o que chama de "conspiração" entre o
idoso e os familiares. Segundo ela, dentro das famílias há uma espécie de pacto
de silêncio, no qual a vítima não fala para se proteger e para não expor os
parentes.
Para a delegada, o atendimento
tem que ser diferenciado, com profissionais especializados e que tenham muita
paciência. “A conversa com os mais velhos pode durar mais de uma hora, contra
10 minutos de uma ocorrência convencional”, explicou.
Ana Paula Diniz, delegada de
Natal, ressaltou que, além da violência em si, a quebra do vínculo de confiança
com os familiares desestabiliza emocionalmente o idoso.
Na avaliação da deputada
Leandre (PV-PR), que pediu a realização da audiência pública, modificar essa
situação implica uma mudança de cultura. "Se nós não tivermos um plano de
educação para o envelhecimento, um plano de prevenção à violência, de
valorização da pessoa idosa não conseguiremos mudar este cenário",
alertou.
Consignados - Durante a
audiência pública, deputados e especialistas apontaram outro tipo de violência
contra os idosos: a coação para que eles solicitem empréstimos consignados para
os familiares. O consenso é de que o tema precisa ser debatido mais
profundamente, porque estão aumentando os casos de endividamento dessa parcela
da população.
Reportagem: Cláudio Ferreira. Edição: Rosalva Nunes
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