segunda-feira, 2 de outubro de 2017

REFLEXÃO - PERDÃO. QUANTAS VEZES?

Evangelho de Mateus.18,21-35
O capítulo 18 do Evangelho segundo Mateus. Este “discurso” tem como ponto de partida algumas “instruções” apresentadas por Marcos sobre a vida cristã (Mc 9,33-37.42-47), mas que Mateus ampliou de forma significativa.
Os destinatários do discurso são os discípulos, mas na realidade Mateus pretende, sobretudo, atingir os membros da comunidade cristã.
Por detrás do texto, podemos entrever uma comunidade onde há tensões e conflitos.
O mandamento do perdão não é novo. Os religiosos de Israel ensinavam a perdoar as ofensas e a não guardar rancor contra o irmão que tinha cometido qualquer falha.
Os “rabis” de Israel estavam de acordo em que a obrigação de perdoar existia apenas em relação aos membros do Povo de Israel, os gentis, os inimigos estavam excluídos dessa dinâmica do perdão e da misericórdia.
A grande discussão girava, porém, à volta do número limite de vezes em que se devia perdoar.
Pedro, consulta Jesus acerca dos limites do perdão.
Jesus responde que não só se deve perdoar sempre, mas de forma ilimitada, total, absoluta (70x7). Deve-se perdoar sempre. A parábola apresenta-se em três cenários ou cenas.
O primeiro cenário (vs. 23-27) - coloca-nos diante de uma cena da corte: um funcionário real, na hora de prestar contas ao seu senhor (impostos recebidos e nunca entregues), revela-se incapaz de saldar a sua dívida.
Neste cenário, o que impressiona mais é o montante da dívida: dez mil talentos (um talento equivalia a cerca de 36 Kg e podia ser em ouro ou em prata. Dez mil talentos é, portanto, uma soma incalculável).
O montante da dívida coloca em relevo a misericórdia infinita do senhor.
O segundo cenário (vs. 28-30) – O funcionário que experimentou a misericórdia do seu senhor se recusou, a perdoar um alguém que lhe devia cem denários (um denário equivalia a 12 gramas de prata e era o pagamento diário de um operário não especializado.
Quando estes dois cenários são postos em paralelo, sobressaem, a diferença de atitudes e de sentimentos entre o senhor (capaz de perdoar infinitamente) e o funcionário do rei (incapaz de se converter à lógica do perdão, mesmo depois de ter experimentado a alegria de ser perdoado).
O terceiro cenário (v. 28-35): Os outros companheiros do funcionário real, chocados com a sua ingratidão, informaram o rei do sucedido; e o rei, escandalizado com o comportamento do funcionário, castigou-o duramente.
A parábola convida-nos a analisar as nossas atitudes e comportamentos face aos irmãos que erram. Mostra como a nossa lógica está, tantas vezes, distante da lógica de Deus.
Diante de qualquer falha do irmão (por menos que ela seja), assumimos a pose de vítimas magoadas e, muitas vezes, tomamos atitudes de desforra e de vingança que são o sinal claro de que ainda não interiorizámos a lógica de Deus.
Finalmente, a parábola sugere que existe uma relação entre o perdão de Deus e o perdão humano. Segundo o Pai Nosso.
O que Mateus revela que se o nosso coração não bater segundo a lógica do perdão, não terá lugar para acolher a misericórdia, a bondade e o amor de Deus.
APLICAÇÃO – O texto base trata da necessidade de perdoar sempre, e ilimitada. É uma exigência das mais difíceis que Jesus nos faz.
Ele deu testemunho, em gestos concretos, do amor, da bondade e da misericórdia do Pai. Na cruz, ele morreu pedindo perdão para os seus algozes. O cristão é mais que um seguidor de Jesus. É seguimento de Jesus
O mundo considera que perdoar é próprio dos fracos, dos vencidos, dos que desistem de impor a sua personalidade e a sua visão do mundo.
Deus considera que perdoar é dos fortes. Dos que sabem que é importante estar disposto a renunciar ao seu orgulho e autossuficiência para apostar num mundo novo, marcado por relações novas e verdadeiras entre os homens.
O que significa, realmente, perdoar?
O perdão não pode ser confundido com passividade, com alienação, com conformismo, com indiferença.
O cristão não aceita o pecado e não se cala diante do que está errado; mas não guarda rancor para com o irmão que falhou, nem permite que as falhas derrubem as possibilidades de encontro, de comunhão, de diálogo, de partilha.
O texto lido recorda-nos que quem vive a experiência do perdão de Deus, envolve-se na lógica da misericórdia que tem, implicações na forma de abordar os irmãos que falharam.

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