PREPARANDO-SE PARA O ENVELHECER: ““Então disse o SENHOR: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem; porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.” (Gn. 6 : 3)
Começamos fazendo uma pergunta. Para que você quer viver anos? Quando eu era criança, minha mãe para exercer o controle das minhas idas à rua tinha uma maneira rápida de me fazer retornar para casa. Ela despertava a minha atenção e em seguida dizia: “- Olha! Corre que lá vem o velho do saco”.
Embora a frase fosse usada para impingir um caráter pedagógico, ela expunha o processo de envelhecimento de forma negativa. Envelhecer sim.
Fazer medo a menino não. Quanto às mulheres em sua maioria envelhecem para cuidar dos netos, pois não fizeram planejamento para o envelhecer. Sobreviventes da Síndrome do Ninho Vazio estão submersas no Mito do Retorno sendo a todo momento arremessadas na praia da vida pelo que entendem ser as ondas do amor e carinho maternal.
Sabemos que a nossa cultura estimula essa prática às mulheres, mas na realidade quando o assunto é exposto, em sua maioria, elas não aceitam essa condição de cuidadora dos netos e quando assim procedem é porque outros fatores como pais que trabalham, medo da violência infantil, entre outros aspectos, provocam esse tipo de procedimento.
Casa de vó pode até ser em algum momento chiqueiro de neto, mas nunca deve ser ILPN (Instituição de Longa Permanência para Netos). Mas será que realmente queremos envelhecer para fazer medo a menino e cuidar de netos? Na vida criamos hábitos que nos levam a preparar para algumas ações como: viajar, estudar, casar, poupar. Mas esses não são os únicos hábitos, há vários outros que passam despercebidos diante dos nossos olhos. Há um grupo de pessoas que já estão preparadas para morrer e creio que conhecemos alguém que não resistiu a um anúncio como este: “Escolha o melhor momento para investir em algo que não tem hora para acontecer. Ao planejar a compra, você poderá usufruir dos melhores preços e condições de pagamento.
Conheça os tipos de jazigos disponíveis, incluindo as versões com quatro e oito gavetas. E mais, música ambiente, elevadores, lanchonete, capela e transmissão ao vivo do funeral. Tudo, financiados.” Anúncio com esse apelo tem levado muitas pessoas a comprar um “lugarzinho” assim e já faz parte dos planos familiares. Com oito gavetas a família unida permanece unida até no pós-morte. Nada contra ao “lugarzinho” até porque já tenho o meu. Acho que tenho enquanto vivo, depois de morto não discutirei essa certeza.
Se hoje há planejamento para o pós-morte por que não preparamos para envelhecer com dignidade e qualidade de vida? No contexto dos movimentos dos “sem” terra, “sem” teto, não devemos considerar o envelhecimento como o ‘Momento dos Sem Sentidos’ (MSS), pois enquanto houver fôlego a vida tem sentido.
Não importa se cada dia na ponte do envelhecimento a margem do outro lado fique mais próxima, o importante é entender que a longevidade é uma benção de Deus e não peso social. Extraído do livro: Envelhecimento. O que todos precisam saber. Autoria: Pinho Borges.
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