quarta-feira, 6 de julho de 2011

SAÚDE NA TERCEIRA IDADE

Rev. Roy Abrahamian
Médico e pastor
O período de 1975 a 2025 é considerado pela ONU como a “era do envelhecimento” e, atualmente, a população acima de 60 anos corresponde a 10% da população mundial, e a estimativa é a de que em 2050 essa população atinja 2 bilhões, ou seja, 32% da população mundial.
O envelhecimento saudável e o bem-estar na velhice são resultantes de uma boa saúde mental e física, o que leva à autonomia da pessoa, ou seja, a capacidade de dirigir a própria vida. A seguir, serão discutidos alguns assuntos importantes para a saúde na terceira idade.

DOENÇA DE ALZHEIMER - A doença de Alzheimer é a causa mais comum de demência; é responsável por mais de 65% das demências em idosos. A doença é duas vezes mais comum em mulheres que em homens, em parte porque as mulheres têm maior expectativa de vida. A doença de Alzheimer afeta cerca de 4% das pessoas entre 65 e 74 anos e 30% daquelas com mais de 85 anos de idade.
            Os principais sinais de alerta para a doença são perda de memória, dificuldades em executar as tarefas domésticas, problemas de linguagem, perda da noção do tempo e desorientação espacial, compreensão prejudicada, problemas relacionados com o pensamento abstrato, como dificuldade em utilizar os números, trocar o lugar das coisas, alterações de humor e comportamento, alterações na personalidade e perda de iniciativa.
            O processo degenerativo na DA leva à deficiência de diversos neurotransmissores, moléculas que atuam na condução dos estímulos nervosos transmitidos de um neurônio para outro.
            Atualmente, procuramos corrigir esse déficit com dois grupos de drogas:
- inibidores das colinesterases (rivastigmina, galantamina, donepezila);
- antagonistas dos receptores de glutamato (memantina).
            Estes dois grupos de medicamentos têm comprovação científica que interferem no curso da doença com estabilização do quadro clínico ou retardam a progressão dos sintomas.
            Existem outras causas de demência. A demência vascular é a deterioração cognitiva, aguda ou crônica, decorrente de infarto cerebral difuso ou focal, relacionada com mais freqüência à doença cerebrovascular. A demência vascular é a segunda causa mais comum de demência entre os idosos. É mais freqüente entre os homens e geralmente começa após os 70 anos de idade. Em geral, ocorre em pessoas que apresentam fatores de risco vascular (por exemplo, HAS, DM, hiperlipidemia, tabagismo) e naquelas que sofreram vários AVCs. Muitos pacientes apresentam demência vascular e doença de Alzheimer. Outras causas de demência incluem a demência com Corpos de Lewy, a demência associada ao vírus da imunodeficiência humana e a demência frontotemporal.

AS QUEDAS - A queda é considerada um importante problema de saúde pública entre os idosos, com graves conseqüências e uma das principais causas de hospitalização e morte.
As quedas são motivos de preocupação entre a população idosa, pela presença de conseqüências devastadoras, associadas com altos custos em cuidados com a saúde
Como fatores de risco, destacam-se a idade avançada, a baixa renda familiar, o convívio solitário, o analfabetismo e dietas inadequadas, com baixo aporte de cálcio.
O horário de ocorrência das quedas é, em geral, durante o dia, mais à tarde, e estão relacionadas à maior atividade nesse período. Dos fatores relacionados a doenças crônicas, vale ressaltar a osteoporose como condição associada a quedas como causa ou conseqüência. Nesse sentido, a realização regular de exercícios físicos, a reposição de cálcio e vitamina D e o tratamento farmacológico da doença com bifosfonatos são efetivos na prevenção de quedas e suas complicações.
Dentre os fatores de risco para queda relacionados ao ambiente, citam-se ambientes inseguros, mal iluminados, mal planejados e mal construídos com barreiras arquitetônicas, pisos escorregadios ou irregulares com buracos, tacos e carpetes descolados, falta de corrimão para apoio, degraus da escada com altura ou largura irregulares, uso de chinelos ou sandálias não apropriados, sapatos desamarrados ou irregulares com solado escorregadio, falta de barra de apoio nos banheiros, entre outros.
Como prevenir as quedas? A prevenção inclui medidas como educação para o autocuidado e formação de cuidadores, exercícios adequados, dieta apropriada e utilização de cálcio com vitamina D, terapias cognitivo-comportamentais e planejamento adequado do ambiente com as devidas adaptações funcionais na residência e locais públicos.

OSTEOPOROSE - A osteoporose é uma síndrome em que a massa óssea encontra-se diminuída, e podem ocorrer fraturas após traumatismo mínimo. As fraturas de quadril e as fraturas por compressão vertebral constituem as conseqüências mais graves. O envelhecimento constitui a causa mais freqüente de osteoporose. Outros fatores predisponentes são o sexo feminino, o sedentarismo, o tabagismo e a baixa ingestão de cálcio. Recomenda-se triagem de rotina para densidade óssea, com a solicitação de densitometria óssea,  em todas as mulheres a partir dos 65 anos de idade e para aquelas com maior risco a partir dos 60 anos. O tratamento inclui ingesta adequada de cálcio (1200 mg acima dos 50 anos), exercícios físicos, como caminhada, corrida, dança, exercício aeróbico, esporte, Tai Chi - quando apropriado, evitação do tabagismo e consumo excessivo de bebidas alcoólicas, e medicamentos, sendo os principais o carbonato de cálcio associada à vitamina D e os bifosfonatos.

CÂNCER DE PRÓSTATA - Nos EUA, o câncer de próstata é a neoplasia maligna diagnosticada com mais freqüência em homens depois do câncer de pele não-melanoma. Depois do câncer de pulmão e do câncer colorretal, são a terceira causa principal de morte por câncer em homens norte-americanos. O rastreamento é efetuado por meio de determinação do nível sanguíneo do antígeno prostático específico (PSA) e do toque retal, a partir da quinta década de vida, em geral.

CÂNCER DE MAMA - É uma das principais causas de morte em mulheres. Nos EUA, estima-se que a probabilidade de uma mulher desenvolver câncer de mama é de 11%. No Brasil, há cerca de 40000 casos novos por ano. Existe uma herança genética; acomete principalmente mulheres acima dos 35 anos; existem formas de evolução lenta e outras rapidamente progressivas.
Os programas voltados para o diagnóstico precoce nos EUA e na Europa proporcionaram redução de 30% na taxa de mortalidade dessa neoplasia.
As mulheres devem ser orientadas a fazer o auto-exame de mamas mensalmente, após a menstruação, sempre no mesmo dia do ciclo para facilitar a comparação. A maioria dos nódulos mamários não é maligna. Todo nódulo mamário deve ser investigado. Indica-se de rotina a mamografia para todas as mulheres acima de 40 anos
( dos 40 aos 50 anos, deve-se fazer a cada 2 anos; a partir dos 50 anos, deve ser anual ). Os nódulos suspeitos devem ser biopsiados. A USG mamária também é muito útil.
O tratamento consiste de cirurgia, quimio, radio e hormonioterapia. O tamoxifeno é uma droga útil no combate ao câncer de mama.
Recomenda-se dieta e exercícios físicos, uma vez que a obesidade é um fator de risco, pois as células gordurosas armazenam estrogênio.
CLIMATÉRIO E SENILIDADE - No climatério, os ciclos  menstruais começam a se tornar cada vez mais irregulares; as ovulações menos freqüentes, imperfeitas, e acentua-se a síndrome da tensão pré-menstrual. Ocorre hipoestrogenismo, ocasionando atrofia progressiva dos órgãos genitais externos, com perda da elasticidade e rarefação dos pêlos, levando a queixas como dispareunia, sangramento durante o coito, infecções secundárias, corrimento vaginal e prurido. Ocorre também redução no tamanho do útero e atrofia endometrial, podendo haver sangramento. Os ovários e as tubas uterinas também regridem. Também pode-se observar prolapso genital e incontinência urinária. Ocorre a chamada síndrome uretral: disúria, polaciúria, micções imperiosas, retenção e sensação de micção iminente  e dor no abdome inferior, na presença de urina estéril.
Outros sintomas: fogachos, sudorese noturna, coronariopatia arteriosclerótica, dislipidemia, osteoporose, dores articulares, achatamento das vértebras, cifose, diminuição da estatura e fraturas ósseas ( vértebras, costelas e colo do fêmur ), crises de ansiedade e depressão, hirsutismo, aumento do clitóris, queda de cabelo, alteração na voz.
Diagnóstico: ausência de fluxos menstruais por um ano ou mais, após os 40 anos de idade, associada principalmente a sintomas vasomotores. Devem-se pedir exames como dosagens bioquímicas e hormonais, se necessário, e densitometria óssea, se houver sinais de osteoporose.
O tratamento consiste na terapia de reposição hormonal.
Deve-se orientar dieta normoproteica, hipocalórica e rica em cálcio ( leite, derivados, verduras), redução de peso para as obesas e atividade física diária, particularmente caminhadas.
O câncer de ovário incide em mulheres entre 40 e 70 anos, em geral na raça branca, principalmente em obesas, mulheres de elevado nível sócio-econômico. Fatores predisponentes: antecedente de Ca mamário ou gastrintestinal, menopausa tardia, nuliparidade, infertilidade.
O câncer de endométrio acomete em geral mulheres acima dos 50 anos, nulíparas ou oligoparas, com antecedente de disfunção menstrual e esterilidade, mulheres com menopausa tardia, obesidade, diabetes e hipertensão arterial. Manifesta-se em geral por sangramento genital.
O tratamento do câncer de ovário e de endométrio consiste de cirurgia, radio, quimio e hormonioterapia.

Palestra proferida no Workshop Envelhecimento Consciente, realizado pelo Presbitério Unido - SP.

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