JOÃO DOURADO - BAHIA
A célebre frase sobre a futura avenida ao norte da antiga
fazenda Canal é atribuída ao coronel fundador da cidade que, em merecida
homenagem, hoje leva seu nome: João Dourado.

Conta a história que por volta do ano de 1759, portugueses
que moravam na região do Rio D’ouro emigraram para o Brasil, e aqui deram
origem à família Dourado. Mateus Nunes Dourado se instalou em Jacobina, onde
conheceu Joana da Silva Lemos, com quem se casou. Dona Joana, mulher corajosa,
era desbravadora de lavras de diamante e carbonato: saía à procura destes
metais nas serras da Bahia com seus escravos e escravas. Da união entre Mateus
Dourado e Dona Joana nasceu José da Silva Dourado, pai de João José da Silva
Dourado. João José, ao tornar-se independente, comprou um lote de terra na
Fazenda Lagoa Grande-BA, mas não fixou morada. Casou-se com Gardiana Cardoso
Pereira e com ela teve 12 filhos, entre eles João da Silva Dourado – que voltou
para Lisboa, para o seminário. O jovem se formou, mas não foi ordenado padre.
Voltou para o Brasil e residiu Macaúbas-BA, cidade onde se casou com Carolina.
Deste matrimônio nasceu, em 1853, na cidade de Caetité-BA, João da Silva
Dourado. Foi lá que se casou com Geraldina Guardiana, sua prima, em 1878 – ano
em que o novo casal se mudou para o Morro do Chapéu-BA.
Durante o período regencial, os indivíduos poderosos e de
grande influência política eram também considerados responsáveis pela segurança
do país. Estes recebiam a patente de Coronel, representavam as autoridades
locais do Império e deveriam organizar os cidadãos a servirem em situações de
emergência em unidades militares da Guarda Nacional. No entanto, a Guarda
Nacional foi extinta, e a denominação permaneceu como forma de tratamento
respeitoso aos grandes fazendeiros e proprietários de terra. O patriarca João
José Dourado, avô de João da Silva Dourado, recebeu uma sesmaria de 1.800 km2,
que se tornou patrimônio da família Dourado e recebeu o nome de América Dourada.
O patriarca trouxe para a América cerca de 400 pessoas, que vieram explorar a
lavoura de algodão e a busca de carbonato, diamante e ouro. João da Silva
Dourado - o Coronel João Dourado, que também veio, explorou novos pontos deste
novo e vasto território, e ali fixou residência.
Escavando o local, que era coberto de lajedo, por volta do
ano de 1889 o Cel. João Dourado fez vários canais que funcionaram como
reservatórios de água para a sua fazenda – que nomeou “Canal”. O casal João
Dourado e Geraldina teve 18 filhos, dos quais 12 sobreviveram e constituíram,
ali na Fazenda Canal, famílias numerosas.
Cel. João Dourado - O milagre
Em meados do ano de 1900, Canal tornou-se pouso de
boiadeiros, por se localizar próximo à variante pela qual trafegavam as boiadas
que vinham de Mansidão e Santa Rita. Um boiadeiro por nome Benjamim Nogueira,
piauiense de Corrente, também pousou na Fazenda Canal. Protestante, o boiadeiro
ofereceu ao Cel. João Dourado uma Bíblia, e durante suas viagens sempre
procurou falar a respeito do evangelho ao dono da grande fazenda. Em uma das
estadias de Benjamim em Canal, o coronel João Dourado queixou-se da seca que há
muito assolava o sertão baiano e da conseqüente escassez de água na região. À
noite, o boiadeiro se ausentou das barracas de lona nas quais pousava com seus
serviçais e, ajoelhando-se, pediu chuva para saciar a sede dos animais e de
todos os sertanejos. Conta a história que, naquela noite de agosto, choveu
forte.
Canal e os primórdios do Presbiterianismo no Brasil.
O reverendo Pierce Chamberlain, missionário presbiteriano no
Brasil, chegou a Salvador em 1º de outubro de 1899. No ano seguinte iniciou seu
trabalho como missionário itinerante, passando pela Ilha de Itaparica,
Cachoeira e Santa Luzia. De lá, passou a fixar residência em São Félix. “Em
1903, saindo a cavalo de Senhor do Bonfim, Pierce chegou ao Canal de Irecê,
tendo pregado em todas as localidades do percurso: Campo Formoso, Saúde,
Caldeirão Grande, Jacobina, Miguel Calmon, França, Morro do Chapéu e outros
pontos" (Matos, p. 161). Foi numa destas viagens que conheceu o coronel
João Dourado, que mostrou ao missionário as localidades que vinha evangelizando
apenas com seu conhecimento pessoal da Bíblia. O coronel foi batizado pelo
missionário, que prometeu uma professora para alfabetizar a família do
patriarca. Em março de 1904 chegava a Canal a professora Damiana Eleonor da
Conceição e no dia 05 de fevereiro de 1905 foi organizada ali uma congregação
presbiteriana – uma das precursoras no Brasil – pelo Reverendo americano
William Alfred Waddel. Nesta época a Igreja de Canal era frequentada por cerca
de cem pessoas.
O coronel João Dourado tornou-se um grande evangelista no
interior baiano ao lado de missionários pioneiros, como Chamberlain, Cooper,
Waddel, Reese, Anderson, McCall e Bixler, sendo também pai e avô de dois
pastores presbiterianos: Augusto da Silva Dourado e Adauto Araújo Dourado,
respectivamente.
Em 1906, a mesma missão americana que fundou a Igreja de
Canal, hoje I Igreja Presbiteriana de João Dourado, fundou o conhecido
Instituto Presbiteriano Ponte Nova, na atual cidade de Wagner-BA. Dos primeiros
doze alunos, oito deles foram indicados pelo Cel. João Dourado, sendo quatro
deles filhos seus.
O coronel João Dourado, evangelizador, patriarca da grande
Família Dourado e fundador da cidade que hoje leva seu nome, faleceu no dia 09
de julho de 1927, aos 74 anos.
extraído de:
http://www.joaodourado.ba.gov.br/novosite/index.php/cidade#sthash.SysbkD1f.dpuf