Eu quero envelhecer

Recebi esse texto do nosso Secretário Sinodal da Pessoa Idosa do Ceará. o famoso Murilão. Gostei e resolvi compartilhar. Não sei quem é autor. 

“Nunca trocarei meus amigos fantásticos, minha vida maravilhosa, minha amada família por menos cabelos grisalhos ou uma barriga mais lisa. 

À medida que envelheci, tornei-me mais amigável comigo mesma e menos crítica comigo mesma. Tornei-me minha amiga… 

Eu não me culpo por comer biscoitos extras, não arrumar a cama ou perder algo estúpido que eu não precisava. Eu tenho o direito de ser bagunçado, de ser extravagante. Eu vi muitos amigos queridos deixarem este mundo cedo demais, antes de perceber a grande liberdade de envelhecer. 

Quem vai me culpar se eu decidir ler ou jogar no meu computador até as quatro da manhã e dormir até o meio-dia? Quem vai me criticar por ficar na cama ou assistir TV o tempo que eu quiser. Vou dançar com esses sucessos maravilhosos dos anos 70 e 80 e se ao mesmo tempo quero chorar por um amor perdido… 

Se eu quiser, ando pela praia de shorts muito esticados sobre um corpo apodrecido e mergulho  nas ondas com abandono, apesar do olhar penalizador dos outros. Eles também envelhecerão. Sei que às vezes esqueço, mas há coisas na vida que também devem ser esquecidas. 

Lembro-me de coisas importantes. Claro, ao longo dos anos meu coração se partiu. Mas corações partidos nos dão força, compreensão e compaixão. Um coração que nunca sofreu é imaculado e estéril e nunca conhecerá a alegria de ser imperfeito. 

Tenho sorte de ter vivido o suficiente para ter meus cabelos grisalhos e minha risada juvenil gravadas para sempre nos sulcos profundos do meu rosto. Muitos nunca riram, muitos morreram antes de seus cabelos ficarem prateados. Conforme você envelhece, é mais fácil ser positivo. 

Você se importa menos com o que as outras pessoas pensam. Eu não me questiono mais. Conquistei o direito de cometer erros. Então, para responder à sua pergunta, eu gosto de ser velho. Eu amo a pessoa que me tornei. Eu não vou viver para sempre, mas enquanto eu ainda estiver aqui, não vou perder tempo lamentando o que pode ter sido ou me preocupando com o que será. 

E se eu quiser, como sobremesa todos os dias. Com champanhe”.